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Acabo de chegar do aeroporto.
Nestas primeiras três horas que passaram, estive na Paltaforma C (Charlie), base militar portuguesa mais conhecida como Figo Maduro.
[ abro um pequeno parêntesis para confessar que, até ter começado a trabalhar no Aeroporto de Lisboa, Figo Maduro para mim situava-se numa zona qualquer de Lisboa, excepto dentro do aeroporto propriamente dito ... ]

Foram um momento e experiência muito especiais, porque foi a primeiríssima vez que entrei em Figo Maduro.
[ outro parêntesis ... Já não sentia este ambiente desde que o meu pai abdicou da vida de piloto militar e regressou ao Fundão para se dedicar à família. As fardas e a postura fizeram-me recordar os tempos que passei em miúda, juntamente com os meus irmãos e mãe, nas Bases Aéreas da Ota e Tancos. Ainda hoje guardo o cheiro tão característico (e indescritivelmente bom!) dos pequenos-almoços no refeitório da Messe de Oficiais ]

Ontem à noite, quando fiz um pré-check-in (emissão dos cartões de embarque sem ter os passageiros à minha frente), estava longe de imaginar aquilo que ia realmente sentir hoje. São cerca de duzentos militares que vão para a Bósnia & Herzegovina render o batalhão que está no Kosovo.
Apesar da minha excitação interior, a única coisa que consegui fazer enquanto distribuia os cartões foi esboçar um sorriso sentidamente compaixonado a cada um/a deles/as ... Alguns tão novinhos ...
A despedida dos familiares foi logo feita ali, antes de passarem a bagagem pelo raio-X e de eu cortar os canhotos dos cartões. Que terrível dor de alma foi, vê-los passar e entrar no autocarro com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar as já antecipadas saudades.

Perguntei ao Sargento, que esteve ao meu lado, quanto tempo iriam ficar aquelas bravas andorinhas por lá ... Seis meses, respondeu ... A compaixão consumiu-me por completo quando me lembrei do Natal.

Regressei à minha base depois de os deixar no hangar, onde ficaram a fazer a Formatura ...
Boa sorte rapazes e meninas!