Cerca de várias/muitas coisas ...

Quinta de Santiago, Aldeia de Joanes, Fundão
(sim, apesar do cabeçalho indicar a primeira fase da minha Aventura, ainda estou na santa terrinha a queimar os últimos cartuchos com a família e amigos)

Hoje, qual milagre da gravidez da Nossa Senhora sem que esta tivesse sido 'tocada' por um homem, estou a aceder à Internet aqui na Quintinha de Santiago. Acreditem que é milagre.
A mana Marta herdou um portátil daqueles spetaculares da TMN que só custam €150 (recuso-me, sob qualquer tortura, a revelar como o conseguiu) e como foi passar o fim-de-semana fora, eu não estive com meias medidas ... apoderei-me da sua spetacular aquisição!
Depois de uma tarde muito bem passada com o manual de pré-curso da Ryanair a estudar o que pode acontecer ao corpo humano durante um vôo (hipoxia e cianose são palavras fofinhas a reter), tirei uns minutinhos, enquanto também vou espreitando o último episódio da série Everest na RTP 1, e aqui estou a dar uma entrada no ninho da Andorinha.

Nestes dias sem escrever, aconteceram cerca de várias coisas e até estou com medo que este post se torne num testamento maçudo. Mas a abstinência tem destas coisas ...

A Festa Grunge II foi há precisamente uma semana. E há precisamente uma semana (mais precisamente a esta hora), acho que já andava a dançar Santiago Alquimista afora de piloto-automático ligado. Se tivesse que atribuir uma música para definir essa noite, diria sem sem gaguejar ... Hands All Over dos Soundgarden. E porquê? Porque define um dos pouquíssimos momentos de que me lembro da Festa ... o meu primeiríssimo crowd surf. Foi altamente ... sobretudo, porque não senti que tivessem abusado do meu 'bacon'. (e fica aqui explicado porque é que 'virei o barco' no fim da noite).

Parece que (ainda) não há fotografias, infelizmente.

Sim! É uma polaroid daquelas verdadeiras que são esguichadas por uma máquina-de-fazer-polaroids verdadeira!
Esta polaroid é a imagem da noite posterior à Festa Grunge e marca o jantar de aniversário das vinte e duas lindas Primaveras do Joãozinho Zip.

(pausa .. Peguei numa fatia de um spetacularíssimo bolo de iogurte de banana feito pela mana Marta e fui sentir o códão que se faz sentir na rua numa noite fabulosamente estrelada)

Apesar da comemoração do vigésimo segundo aniversário do Zippinho e da entrega de uma gaitinha muito especial ao meu Carlos 'Lovey' Miguel, a noite foi gozada de forma egoísta como sendo a minha noite de despedida temporária dos fabulosos concertos dos Five Alive. Tirei mais fotografias (mentais, é certo) nessa noite do que a Polaroid do meu João. Caramba, como eu vou ter saudades vossas ...
O final de noite foi tranquilo e passado em perfeita comunhão num sofá, abraçada pelo Pierre mais fofo e quentinho que alguma vez tive sobre mim.

E no Domingo ... Oh meu deus, no Domingo recebi de uma Senhora uma verdadeira lição de Vida!

Foi engraçado ... Nos dias que antecederam o concerto da Sra. Patti Smith, fui assaltada por cerca de vários momentos de introspecção sobre a morte prematura (ou não) de músicos dos quais sempre fui uma enorme fã. Recordei um em especial ... Shannon Hoon, o vocalista de Blind Melon que morreu em 1995 com uma overdose de cocaína.
Blind Melon foi daquelas bandas que conheci e adorei antes de um triste Fado ser destinado ao vocalista. A minha irmã vibrava/babava sempre que dava na MTV o videoclip da No Rain ... tinha uma enOOOrme paixoneta pelo senhor (dizia que tinha boquinha de Calimero). Eu assinava/babava por baixo. E com uma estreia no que toca a pesquisas no YouTube, deu-me para ver videos de Blind Melon duas horas a fio. Se a ressaca da Festa Grunge já me havia deixado meio depre, confesso que com a visualização de alguns videos, cheguei a verter umas quantas lágrimas. Tanto talento prematuramente desperdiçado ... Jeff Buckley, Layne Staley, Kurt Cobain, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Ian Curtis, John Lennon, sei lá.
Uma das minha músicas favoritas reza o seguinte ... And when your deepest thoughts are broken, keep on dreaming boy, cause when you stop dreamin' it's time to die. Desta música existe uma actuação ao vivo no David Letterman Show no dia em que o corpo do Kurt Cobain foi encontrado. Changes a 8 de Abril de 1994 ... aqui.
Mas depois, tanta positividade dá em mortes palermas como a deste menino que tinha uma voz muito poderosa e muito ... dele (se é que me percebem) e que escrevia igualmente bem.

Na tal pesquisa que fiz, encontrei um video arrebatadoramente delicioso (o melhor)! Caramba, o Shannon Hoon era mesmo um g'anda borracho ... É uma dor de alma ver a doçura e simpatia presentes no video. Enfim ... herege será aquele que não o vir do início ao fim.

Com o borrachinho do Shannon Hoon e as outras tentativas de vida falhadas que nomeei (que serviram de conversa bem animada à volta de um Brownie e de um Crumble de Maçã, no Hard Rock), e com a maior das ironias relativas a este tema, nessa noite, todos nós e os demais presentes assistimos a uma das maiores lições de Vida ... o concerto da Patti Smith.

Meus caros, vocês não merecem o ar que respiram por não terem presenciado duas horas e quinze minutos de sucessivas chapadas de sobrevivência e positivismo na cara (leia-se Lições de Vida).

Caramba, chego à altura mais brutal deste post e fico sem palavras para escrever.
Só tenho vontade de dizer ... Youtubem 'Patti Smith Lisboa ou Coliseu', leiam a reportagem e vejam as fotografias no Blitz., mas apesar de poderem disfrutar destes mimos, ficarão sempre a anos luz de ter uma ideia daquilo que realmente se viu, ouviu e sentiu naquela sala.

A Patti Smith tem 60 anos, meu amigos ... A Patti Smith é daquelas mulheres que, com o historial de vida que carrega, já 'devia' estar mais morta do que os outros de quem falei anteriormente.

Mas não está ... Fiquei absolutamente impressionada com o inalterado poder da voz que ela ainda guarda, com a lucidez e paixão com que discursou entre as músicas, com a vergonha com que recebeu as imensas palmas e assobios (e piropos), com a genica com que dançou em palco, com o respeito e coragem que teve quando desceu do palco e deu uma voltinha pela plateia, com a energia estupidamente invejável com que cantou ... Porra, mulherão do diabo! Vê-la disparar aqueles people have the power! foi daqueles momentos que, seu eu lhe tivesse tocado, morreria electrocutada com certeza tal era a intensidade. E para dar cabo do Coliseu (como se não estivessemos já todos rendidos de joelhos), a Senhora escolhe cantar a música mais perfeita e indicada para o momento ... Perfect Day, do Lou Reed.
E não consigo escrever mais ... não consigo formular uma frase digna.

Por isso e para terminar, (re)derretam-se todinhos com o video do Perfect Day ... no Coliseu e no fim, jurem-lhe devoção eterna, porque é merecida.