25 de dezembro de 2007

O Madeiro do Carvalhal ...

Natal, Natal, Natal, Natal, filhoses com vinho não fazem mal.

Aqui por terras beirãs, uma linda caraterística do Natal é o chamado 'madeiro'.
O primeiro sinal de Natal era dado pelos rapazes com idade para irem à inspecção para o serviço militar. Como ainda hoje acontece, cabia-lhes arranjar o madeiro, três ou quatro árvores com que na noite da Consoada se fazia uma enorme fogueira à porta da igreja para aquecer o Menino Jesus e animar a rapaziada. Enquanto batiam com uns maços compridos na lenha a arder, gritando “madeiro, madeirinho” e faziam saltar milhares de faúlhas luminosas, as cantigas improvisadas iam muitas vezes parar ao refrão “Natal, Natal, filhoses com vinho não fazem mal". (ah pois não!)


Está percebido o que é o 'madeiro'? Muito bem! Assim sendo, vou falar do madeiro que interessa ... o do Carvalhal.

Este ano, a rambóia pós-jantar de Consoada teve o nome de 'Madeiro On Wheels'.
As gentes do Fundão são dotadas de uma inteligência/esperteza extrema, sobretudo o meu David (o canino mai lindo e rau-tau-tau existente na minha Vida) que decidiu fazer o 'rally' aos madeiros de bina/bicicleta. Porquê de bina? Porque não limita o consumo de álcool, pois está claro! É que por aqui à noite faz algum códão e há que manter o corpo quentinho. Mais ... se o senhor agente da autoridade quiser fazer uma operação stop para avaliar o grau de embriaguez do indivíduo, este basta saltar da bina e caminhando a seu lado, conseguirá escapar a uma coima por conduzir supostamente embriagado. Ideia ssspetacular!

Depois de chegar da terra do meu pai, a Enxabarda (sim, é o nome de uma terra lá para os confins da Serra da Gardunha), agarrei no tão amado jipe microondas de quatro rodas da mãe Ana e lá fui eu em direcção ao gang das duas rodas.
Já várias pessoas me perguntaram, Como assim sair na noite de Natal, que é o dia de reunião da família? ... ora, o convívio com os amigos também é importante,bolas. Quanto mais não seja para partilharmos os presentes recebidos ... os belos dos envelopes dos avós, os chocolates, a bela da cueca ou peúga ... faqueiros???
Bem, como o madeiro do Fundão estava muito fraquinho (diz'que a Igreja foi pintada há pouco tempo e há que preservar por algum tempo o branco da fachada), não pensámos duas vezes e seguimos para o madeiro do Carvalhal a apitar e a buzinar estrada fora comigo a fazer de carro vassoura, não fosse algum deles ter um azar a meio do caminho.
Valverde e Carvalhal são duas terreolas próximas que são dotadas de uma energia assim para o spetacular e especial. Festas de Verão e madeiros como devem de ser são ali.

Chegados ao Carvalhal, o primeiro ponto de passagem obrogatório não é o madeiro, mas sim 'O Espanhol' que é um barzito que nestes eventos está sempre a abarrotar de gente. Bolas ... e ali era mesmo Natal.
De bolsos felizes com as notas oferecidas pelos avós, chegamos ao balcão e pedimos e oferecemos umas quantas minis, ginjinhas e martinis. Siga para a roda do madeiro confraternizar com a rapaziada.
É sempre uma fase da noite maravilhosa, porque quem sai à rua já vem com um estado de embriaguez considerável e, como o madeiro emana 'aquele' quentinho, o pessoal ainda mais fermentado fica ... e fumado também, porque as roupas no dia seguinte ficam com um cheirinho que ... ui!

o 'gajo' recebeu o faqueiro a dominar o madeiro


Uma grade de 'minis', vinho tinto do bom (Quinta dos Currais), pão caseiro, presunto e o (um elemento importantíssimo para fazer o pessoal rebolar a rir) Sílvio Roque e está garantido um espalhanço de magia brutal na noite de Natal.
Passam-se os anos ... e juízo nenhum! Repetem-se histórias das quais nos rimos com mais força que nos outros anos, as gargalhas são mais estridentes com as tosquices de cada um, toca-se o sino da Igreja até que a 'guita' se parta e, a aquecer o rabo com a bebida na mão, voam cerca de várias horas.

Senti-me completa e quentinha, porque vocês ... bem, vocês são 'tan bunitos!'.

p.s. Peço desculpa pela qualidade das imagens, mas eu própria já estava bem 'acomodada'

2 comentários:

jay disse...

ola. sou leitora assídua do teu blog, mas por nenhuma razao em especial nc comentei, neste post acho k devo, pois sou daí mesmo.. da terriola chamada Carvalhal...acredita k festas de verao, madeiros, e uma carrada de maluquinhos ,somos os melhores!!! costumo dizer k n ha melhor presente (pra mim) do k estar com o cu virado para o madeiro a beber o belo do favaios e rir com os amigos.. n ha dinheiro k pague essa noite. tlv por k esteja habituada a ter o melhor madeiro a 2 passos de casa... ainda bem k gostaste e espero k venhatu e mais uma catrafada deles... gostamos disso.

ps: gosto mto dos teus posts e da boa energia k transmites neles.. sao..hum.. fofinhos. lol

ps (outro):
o "barzito" k dá pelo nome de Espanhol, nao está apenas a abarrotar de gente nesses eventos...pra sorte nossa e azar da concorrencia,, é o melhor bar do mundo... todos os dias...

beijinho

Sara Lambelho disse...

Ora ... então tenho uma testemunha de como tudo o que escrevi é bem verdade. :)

As noites à volta desse madeiro em especial são sempre qualquer coisa. Daí ficar-me sempre por lá e por lá terminar a noite/madrugada.

Obrigada pelas palavras. Beijão gordinho!