24 de janeiro de 2008

'wha-eva!'

Tenho tantas novidades, pardalices, habitos, pormenores e novos amigos que quero partilhar, mas nao me sinto capaz de formular um texto coerente e conciso.

Neste momento estou na sala do quarto aqui no aparthotel com a Raquelinha. Acabamos de visitar um predio que tem uns quantos estudios equipados para alugar.
Inicialmente ate já tinhamos uma casa, já tinhamos tirado a bagunça toda que os meninos que moraram lá anteriormente, fizeram e so faltava limpar o apartamento a fundo. A vontade e disposiçao eram mais que muitas ... MAS ... (enquanto eu voava) as meninas foram abaixo por completo quando se depararam com um desafio demasiado 'exigente', digamos. As minhas madrugada e manha tinham sido impecáveis. Voei com uma tripulaçao maravilhosamente simpática e tranquila que fez com que nove horas de trabalho tivessem passado assim ... puff! ... num instante. Tao boa ao ponto de chegar a Charleroi e nem fazer questao de ir a casa desfardar-me antes de me encontrar com a Raquel e Elsa. E que nem os pes me doiam. Comprei uma sandocha e, feliz e contente da vida, fui ter com as meninas. Rapidamente, a excitaçao de partilhar o meu dia excelente de trabalho se transformou num enorme (e tremendamente esgotante) conflito de emoçoes.
'Sara, vais-te passar ... pah, eu nao consigo fazer isto. Nao estás bem a ver o nojo que isto está.' ... ... ...
Aquilo que estava tomado como 'garantido', que tinhamos planeado, imaginado ... sonhado tinha ido por água abaixo. Era tal a tristeza nelas (e a minha vontade de dizer que nao podiamos voltar a cara a luta) que se tornou dificil para mim decidir as opçoes ja pensadas por elas. So sei que, nessa tarde, cheguei ao aparthotel, tomei um banho e infiei-me na cama para descansar a cabeça. Tinha dormido umas tres horas, levantara-me as quatro da manha, aterrei em Charleroi as duas da tarde e sim, depois de ser confrontada com tanto desanimo, estava a sentir-me descompensada a passar para a fronteira da rabugice. Deitei-me, dormi umas horas e pronto ... acordei fresca e fofa.
'Vamos ao Irish tomar um copo?', pergunta a Elsa. ''Bora!', respondi. A Raquelinha ficou por casa. Vesti, pela primeira vez, a minha t-shirt de Pearl Jam da capsula espacial e la fomos nos rua abaixo.


A saudaçao do ja amiguito Gavin (Gaven, um dos empregados) foi maravilhosa ... 'You girls are comin' for a coffee? ... 'cause we have standards.', como quem diz 'Isso do cafezinho tem que acabar. Voces sao mulheres ou garotas?'.
Decidi faze-lo feliz ... 'A coffee and PINT Guinness, then.' (note-se que ate entao eu so andava a beber half pints).

Coffee and THE pint Guinness
Ia a meio quando começa a chegar a cabin crewzada toda com nos nos damos mais. Os espanhois Luis e Juan Jo (abreviatura de Jose); o meu N.1 favorito, o russo (e gay assumido, mas nada bichona) Aleksandr que morou um Liverpool uns tempos e tem um sotaque que me faz quase rastejar; tres meninas e o Alessandro que e italiano e faz parte do 'ground staff' no aeroporto de Charleroi. Foi um serao e tanto. Os espanhois estao sempre na parodia e a maneira de ser do Aleksandr criam um dos melhores ambientes para libertarmos as tristezas.

Aleksandr ... tem uns olhinhos lindos! (so me apaixono pelos rapazes errados, bolas!)

Nao me lembro do nome da 'escurinha', mas ao lado esta a Marketa (acho que e belga)

Juan Jo e Luis
'Wha-eva!' (whatever) ... foi a expressao que mais se ouviu (e ouve). Tem uma forma especial para ser pronunciada porque tem aquele toquezinho Liverpoolense. Aqui a Sara faz a tentativa de reproduzir o som e, depois de ser corrigida umas quantas vezes, sou dada como 'incompetente', se bem que ainda nao consegui perceber qual e a parte do 'wha-eva' que eu pronuncio mal. Adiante.

Pede-se mais uma pint e as gargalhadas sobem de volume. O Irish e tambem o unico bar que proporciona o matar de saudades de musica de jeito. Ouve-se The Stone Roses, Oasis, Coldplay, Led Zeppelin, Pink Floyd e por ai a fora.
Ah, um pormenor ... os rapazes de ca tem uma mania/habito de pagar rodadas ao pessoal que voces nao imaginam. Perguntam constantemente a toda a gente da mesa nao se queremos beber alguma coisa, mas sim, o que e que vamos beber a seguir. Cavalheirismo ou engate? Pah, nao sei. Mas eles pagam as bebidas a quem estiver sentado na mesa.


No video esta o Alessandro no cantinho esquerdo da imagem, ao lado (a tirar uma fotografia a um bebedo na rua) esta o Aleksandr e depois o Luis que, com atençao se percebe logo o sotaque espanhol a falar o ingles ... depois sou eu que nao sei pronunciar wha-eva como deve de ser.

Beca beca aqui e acola, duas pints mais uma meia pint e ja pedia ao Aleksandr para me escrever cenas em russo, nomeadamente, 'Amo-te'. Com toda esta mistura de culturas, so tenho a dizer que o meu Moleskine (ou mokikika como a Elsa lhe chama) esta feito num verdadeiro poliglota. Peço a toda a gente para escrever coisas em italiano, espanhol, frances para ir aprendendo umas coisas.

Ah! Descobri que aqui na Belgica o Sr. Peter Cincotti faz muito sucesso. Ouve-se vezes sem conta nos supermercados e assim, a recente Goodbye Philadelphia. E um conforto para a alma. Nao imaginam.

Isto para dizer que, a dada altura, sou completamente surpreendida quando começo a ouvir a Gone. Pareceu tao impossivel que nem reconheci a musica a primeira. Comentei com o Gavin que a musica era muito boa, ao que obtive uma resposta gestual de dois 'thumbs up' e um sorriso muito convicto.

Querem ouvir o meu triste estado?

:o)

Para finalizar, deixo o video de uma musica muito especial. Sera certamente a musica que marca o inicio da aventura destas tres pardalitas por terras de Charleroi.
Vou contextualizar.
Certo dia, o Luis convidou-nos para fazer um seraozito de cinema na casa dele. Mesmo antes de começarmos a ver o filme (Inside Man), aparece vindo do quintal, que tem ligaçao com a casa do Luis, um italiano que eu adoro ... o Pepe (de Giuseppe) que tinha regressado de ferias, tambem ele Cabin Crew. Da ares de ser taralhoco, mas e do mais comico que pode haver. Alias, espanhois e italianos sao as nacionalidades mais acolhedoras na Base.
No fim do filme, o Pepe agarra-se a viola do Luis e, qual Trovador, começa a tocar uma musica qualquer que ele e o Luis gostam muito, mas que eu desconhecia por completo. Ainda fui tomada como ignorante ... 'You don't know this song? Fuuuck, really?'.
E um momento do qual nao me vou esquecer nunca. Ver o Pepe sentado no sofa com a viola na posiçao como pertence a tocar a musica e ouvir o Luis a canta-la com o seu magnifico sotaque 'inglenhol'.

Chegamos a casa e vai de ouvir o raio da musica no Youtube. A partir desse dia, essa musica ficou garantidamente marcada como A musica para os proximos tempos (e futuro certamente, saudoso)
E a musica ja roda incessantemente aqui em casa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Oh caraxo, eu que até andava a imbestigar viagens e a pensar aparecer aí à surrapa, mas... Quais quê!!! No way! A malta vê-se por aí um dia destes em terras do Portugal. Nem é preciso dizer para voares, que estás lá tão, mas tão alto Andorinha! :)

Beijo.

Mónica disse...

Só para dizer que *adorei* a banda-sonora do post. ;)

... confesso que se tivesse lido mais alguma referência à Umbrella estava na disposição de enviar uma equipa de intervenção e resgate a Bruxelas...! :P

Rock on, miúda! :)

Anónimo disse...

hings that you used to say now take on different meanings you realise
Cant be to careful about the lines.
Come on you know youre not so young you cannot hide behind disguise
Listen to your own desire.

Eyes like an angel - so wise, dont lie
You never felt like this before.
Fly like an angel - so high this time,
You send your senses streaming free.

Sara Lambelho disse...

Oh miuda,

Mas alguma vez foi preciso vires ca dar-me um abanao? Isto eh mortinho eh um facto ... mas esta a ser muuuuito bom!

:o)

It's just getting started, girl.

Moniquita,

Para jah a banda sonora eh bem compostinha. Refiro-me ah musica que vou ouvindo no Irish.
Agora se continuar com as companhias com que ando (espanhois e italianos) ... nao sei nao. lol

BEijao gordo, borracho!