28º[ Domingo, dia 10 ]

Sei que já passou mais de uma semana desde que fiz anos e que tive a visita (vinda do Portugal) de uma gaija muito especial. Partilhei os acontecimentos, emoções e sentimentos do dia da chegada dela (Sábado, dia 9). Falta partilhar os dois dias seguintes, restantes momentos e restantes surpresas (sim, mais do que aquelas que ela trazia antecipadas na bagagem).

Domingo, dia 10
Depois de uma noitadazita de Sábado fofa no Irish, até porque era imperativo que se fizesse a iniciação dos meus rituais à Patrícia, o Domingo apresentou-se solarengo e carregado de mandamentos imperativos, como aqueles do Jesus, para praticar. Não acordarás antes das dez da manhã, almoçarás a sucata que bem te apetecer, vadiarás pelas ruas e farás uma bela de uma (e imperativa) sesta domingueira ao som de um filme qualquer. E assim foi ... Saimos de casa com as barracas do mercado a entrar quase porta adentro do prédio. Ele era fruta, peúgas desportivas (infelizmente sem raquetes), cheirinho a waffles quentinhas, comida a dar com um pau, flores ... tudo a 'mili!', ou nos dias de hoje a 'cinq'éros!'.
Ah, pois é, hoje é Domingo ... o 'tal' mercado. Vamos fazer um desvio para dar um passeio pelas barracas, ver as belezas e voltamos para trás para almoçar.
Levei a Patrícia à 'cena das massas' a comer o belo do cornet de pate com uma Coca-Cola.

Para iniciar a digestão, demos mais uma volta ao mercado e seguimos em direcção ao Luxembourg para tomar um café em condições. A caminho, do outro lado do jardim, fica aquele que eu considero ser o ex-libris da cidade de Charleroi ... a estátua do Lucky Luke.

Café tomado com mil e quinhentos dedos de prosa e o corpo começa a pedir a sesta.
- Vamos ver um filmito no portátil do Paulo?
- 'Bora lá, caraicho!
E entre as variadíssimas hipóteses, decidimos ver o Ratatouille ... É Domingo, bolas! E soube pela Vida.

Sou a primeira a acordar quando já faltavam uns dez minutos de filme. Recebo uma mensagem da Elsa, que havia regressado de um late de dois sectores, em que basicamente me mandava para descer ao estúdio dela lá para as 21.30 para fazer as 'batatinhas de microondas' do meu pai.
Tuuuudo bem!, respondi.
Como faço muito jus à alcunha que carrego, aqui a andorinha não percebeu por um único momento que fosse que lhe estavam a preparar uma festinha de aniversário. É assim ... sabia que a Elsa, eventualmente, me havia de fazer jantar, mas só no dia 11 (quando faço anos, portanto).
Bom piquena, então vamos para baixo. (e a desgraçada da Patrícia já era cúmplice desde o dia em que pôs os pés em solo 'charleroense' ... rais' parta a garota).

Como nem todas as três temos (ainda) a 'equipage' toda em cada estúdio, o que proporciona cerca de várias entradas e saídas nos três estúdios, fui preparar a especialidade do pai Fernando (o meu pai, portanto) para o estúdio da Raquel. E numa dessas mesmas entradas e saídas, entrei no estúdio da Elsa e ... Alessandro? What are you doing here? (pergunta patêga à qual se seguiu uma soma básica ... 2+2=4 mais a prova dos 9)
... Ai a minha vida, não acredito ... (sim Sara, a Elsinha vai fazer-te o jantarinho de aniversário antecipado como foi no dia de aniversário dela, pensei)
Beijinhos e abraços com dois dedos de conversa com o Alessandro e regresso, com um sorriso no coração, ao estúdio da Raquel (que é no mesmo piso do da Elsa). Já não sei porquê, volto ao estúdio da Elsa ... Mau, Paulo ... Samuel? Tão lindos, também vieram? Oh pah tão taralhocas ... É suposto vir mais alguém?
E em jeito de época natalícia (porque no dia anterior já tinha recebido uma porrada deles), começo a receber presentes dos convidados ... uma garrafa de vinho tinto com mu-mus pintados na garrafa ... Fomos comprar vinho e quando vimos esta garrafa pensamos, 'Tem mu-mus, é esta que vamos dar à Sara!'; e um calhamaço do Fernando Pessoa com todas as poesias dos heterónimos (oferecido pelo único estrangeiro presente no jantar, o Alessandro).
I went to Brussels just to buy it for you.
(dasss que sou uma gaija com sorte com @s amig@s que tenho!)

algumas prendinhas na prateleira

Jantou-se a papinha sempre excelentemente apurada da Elsinha, bebeu-se, bebeu-se e bebeu-se (até a vinho tinto português tive direito, catano) ... e já rosadinha (como de costume) com o resto da malta também bem regada, siga para o Irish para passar a meia-noite.

Cafés, pints, Coronas aos molhos e chega o Aires. Chega também a meia-noite (23.00 em Portugal ... e menos uma hora nos Açores), cantam-se os 'Parabéns' e chegam alguns Cabin Crew ... o meu Aleksandr e a Sophie que passaram para largar uma beijoca bem boua!; e o Beppe (Giuseppe a quem agora chamo de 'Peppino' por ser um dos diminutivos em italiano ... muito sugestivo de facto) com a Rosa.

Segue-se um pequeno video que fiz para que vocês associem esta gente toda a uma cara.
Da minha esquerda, e no sentido dos ponteiros do relógio: Alessandro (italiano), Samuel, Raquel, Aires, Elsa, Paulo, Rosa (espanhola), Beppe (italiano) com uma t-shirt do Peter Pan muito fofa e Patrícia, a Guerreiro (a socializar com o Beppe).

Para Domingo, há que dizer que me fizeram a festa, 'amandaram-me' os foguetes e eu, com todo o gosto e alegria, apanhei as canas.
:]

Muito, muito obrigada a tod@s!

No dia seguinte (2ª Feira, dia 11 de Fevereiro), eu, a Patrícia e o Samuel que não resistiu ao convite, fomos passear a Bruxelas.


Glossário 'Ryanairês':
Early/Late - para quem trabalha na Ryanair, existem dois tipos de horários de trabalho: os earlies e os lates. O primeiro começa às 05.30 e termina entre as 14.00/15.00; e o segundo começa, normalmente, às 14.00 e terminam entre as 22.30/23.30. Cada dia de vôo pode compreender 2 ou 4 sectores.

Exemplo de 2 sectores - Charleroi-Valladolid/Valladolid-Charleroi
Exemplo de 4 sectores - Charleroi-Girona/Girona-Charleroi/Charleroi-Treviso/Treviso-Charleroi
Daí o horário de chegada à Base poder ser variado.